segunda-feira, abril 21, 2014

De volta para casa [Parte 1]

Noite do dia 19 para o dia 20 de Abril de 2014, CR Governador Valadares.



Eu quero aprender a perdoar, que coisa mais dificil!

Naquela noite com cabeça no travesseiro eu orei. A cada pessoa que passa na minha vida eu insisto em carregar uma mágoa que parece que não se desfaz, e mágoa por mágoa, ferida por ferida, traição por traição o peso se torna terrível, insuportável e esmagador! Se eu ao menos conseguisse perdoar : / Orei...

Já tem um bom tempo que este assunto me assola. Como é possível perdoar? Se meu funcionário me rouba devo eu contratar ele mesmo assim? Devo devolver a honra ao que me traiu? Devo retornar a liberdade do cativo que me estuprou?

Confessei que não consigo perdoar, nem sequer consigo compreender.. é mistério. Mais profundo que o oceano são as concequências de um verdadeiro perdão.

Eu quero perdoar.. é o que orei. Cada amigo, familiar, conselheiro, parceiro que me feriu. Aqueles que não consigo mais olhar nos olhos, aqueles que cometeram males sem me pedir perdão, aqueles que não podem me retribuir e aqueles que optam por não fazê-lo ainda que podendo. Eu quero perdoar!

Ele não me mostrou nenhum sinal. Nenhuma reação de que iria me mostrar como perdoar as ofensas dos que me ofenderam como Ele perdoou as minhas ofensas.. Ele não quis falar eu então continuei.

Uma proposta é o que lhE fiz, um exercício. Me vi como peregrino no caminho. Eu pausei minha marcha em direção a Casa, tirei minha mochila e coloquei aos meus pés. Abri a mochila e lá estava todo o meu peso. Eu ví vários tijolos maciços, uns maiores e outros menores, cada tijolo com um nome de alguém. Estes eram as ofensas que não conseguia perdoar.

Tirei o primeiro tijolo, o nome do primeiro a ser perdodo. Coloquei aquele bloco pesado sobre o altar e pedi para Ele quebrar! Não quero carregar isso! Não serve para nada, bloco inútil, incômodo, enfadonho e desgraçado! Terrível coisa é não perdoar! O primeiro bloco eu golpiei com o meu martelo. Ele me dera forças para quebrar o tijolo! Não era o único!

Haviam vários tijolos, muitos com o mesmo nome. Alguns eram mais leves que outros. Fui procurando em minha mochila, nome por nome, para eliminar um de cada vez. Em um nome em particular haviam uns 3 tijolos; um dos quais era mais escuro. Golpeiei o tijolo escuro, mas parecia não ter surtido efeito no tijolo. Haviam alguns que eram mais duros! Estes eu insistia! E orava, "Pai, me dá forças, quebre estes tijolos para mim".E golpiava uma vez atraz da outra, e o que a princípio era uma arranhão se tornava um pequeno desgaste, aos poucos uma pequena fissura até que enfim o tijolo cedia e quebrava! Uffa!

Alguns exigiam mais persistência, outros exigiam mais oração, mas um a um os tijolos foram quebrados.

Minha lista de nomes acabou. Parei, olhei para a mochila mas mesmo assim ela me parecia muito pesada : / o que estava errado? Coloquei a mão no fundo da mochila, e lá estavam mais tijolos! Muito mais do que todos já quebrados naquele altar. Eu não passei por todos os nomes já?. Tirei uma e olhei o nome, lá estava, era o meu nome que estava na nos incontáveis tijolos restantes.

Quando me dei conta disso olhei para cima em sinal de buscar mais ajuda.. foi quando o sono me tomou e dormi.

5 comentários:

Caminhante Errante disse...

Em meu caminho pela Estrada sempre procuro noticias dos meu companheiros de estrada, principalmente aqueles que não vejo a algum tempo, sejam da casa onde nasci ou do Forte Inseguro sobre a Rocha onde fui treinado.

A um tempo andava me perguntando onde estaria um grande amigo meu, que as tempestades do último inverno levaram para longe.
"O Senhor dos peregrinos tem feito grande e maravilhosas coisas por ele" ouvi dizer. "Venha, venha ver quão maravilhosas são as obras do Rei".

Corri. Porém não pela primeira vez (e receio q não a última)cheguei atrasado para participar do momento solene. Os peregrinos q assistiram ao longe já seguiam sua caminhada, renovados pelos últimos acontecimentos.

Me aproximei com cautela me perguntando o que de belo havia para ver ali. Quando percebi, no alto de um pequeno monte, um altar e ao redor dele varias pedras quebradas. Tirei a mochila das costas e me aproximei para ver melhor, para saber se entenderia aquele Mistério.

Olhando de perto vi que as pedras eram na verdade tijolos e neles haviam várias coisas escritas que não conseguia ler nem distinguir. Somente o Senhor dos Peregrinos, que conhece por nome todos os seus filhos, poderia identificar aquela escrita. Porém meu olhos fitaram um tijolo na qual havia escrito meu nome. E olhando com mais cuidado percebi que naquele monte de pedras talvez houvesse restos de mais do que um tijolo com meu nome inscrito nele.

Nessa hora percebi o que tinha acontecido e por um instante meu coração se entristeceu. Pois o fardo quebrado ali, aqueles tijolos que o peregrino do altar carregara até ali não eram dele mas meus. Por um instante me arrependi de não assumir minha própria carga e dizer "Me perde pelo atraso", "Me perdoe por que sei q te decepcionei", "Me perdoe por ser tão dependente e sim tão imprudente", "Me perdoe pelo meu fardo que te impus".

Enquanto meus olhos se enchiam de lagrimas e meu coração era consumido pela angústia lembrei-me da voz do Intérprete que dizia "Feliz aqueles cujos pecados são perdoados e as transgressões esquecidas". E ali perante o altar do peregrino entendi que o Rei estava trabalhando e fazendo muito mais do que podíamos compreender por cada um dos seus. Entendi que seu amor era uma dádiva partilhada por todos e que a obra que ele tinha realizado no peregrino do altar também demonstrava amor por mim.

Levantei meus olhos ainda lacrimejantes e vi ao longe meu amigo caminhando ao longe na campina, com o fardo mais leve e o passo mais firme de que me lembrava. Gritei chamando o nome pelo qual o conhecia "SOLDADO COMPANHEIRO", meu grito porém morreu distante levado pelo vento ou talvez o Senhor dos peregrinos tenha dado a ele um novo nome pelo qual ser conhecido antes que o Rei revele seu verdadeiro nome, escrito em pedra branca na Cidade Celestial.

Tomei minha mochila nas constas, essa que parecia incrivelmente mais leve depois de estar diante daquele altar. Ajeitei meu próprio fardo nas costas e retomei minha caminhada aliviado e contende porque grandes coisa o Senhor estava fazendo.

Na próxima vez que me encontrar com meu amigo na Estrada não mais o chamarei "Soldado Companheiro" mas sim "BOM CORAÇÃO" pois é essa a marca de todos os soldados que servem em nome do Rei e sei que apenas um coração forte é capaz de suportar o esforço que se exerce sobre o altar.

Não sei quando será minha vez de estar perante o altar do sacrifício novamente, nem quando verei Bom Coração na estrada. Porém sigo o caminho contente sabendo que o cuidado do Pai Celestial está sobre seus peregrinos e que Suas palavras nunca passarão.

Marcus Moreira disse...

Muito massa moço, fico muito feliz por você.

:) disse...

Muito bom Ivo!

Baêta disse...

Fico feliz Ivo... Muito massa!

Marcie disse...

Oi Ivo,
Que experiencia maravilhosa! Sabe que perdoar e se perdoar nao eh uma coisa facil! Eu levei muito tempo para entender o perdao de Deus. Eu li o livro do Dr. Paul Tournier, um pasicologo Cristao, Culpa e Graca, e a leitura do livro me ajudou. Sua experiencia com Deus eh melhor ensino e mais marcante do que aprender lendo um livro. Experiencia com Deus eh a melhor forma de conhecer e se relacionar com Deus. Gostei muito, quero ler o restante...
Abracos!